
sexta-feira, 22 de maio de 2009
Livremente Amar

sábado, 9 de maio de 2009
Evanescence

I can't run anymore, I fall before you,
Here I am, I have nothing left,
Though I've tried to forget, You're all that I am,
Take me home, I'm through fighting it,
Broken, Lifeless, I give up, You're my only strength,
Without you, I can't go on,
Anymore, Ever again.
My only hope, (All the times I've tried)
My only peace, (To walk away from you)
My only joy,
My only strength, (I fall into your abounding grace)
My only power,
My only life, (And love is where I am)
My only love.
I can't run anymore, I give myself to you,
I'm sorry, I'm sorry,
In all my bitterness, I ignored, All that's real and true,
All I need is you,
When night falls on me, I'll not close my eyes,
I'm too alive, And you're too strong,
I can't lie anymore, I fall down before you,
I'm sorry, I'm sorry.
My only hope, (All the times I've tried)
My only peace, (To walk away from you)
My only joy,
My only strength, (I fall into your abounding grace)
My only power,
My only life, (And love is where I am)
My only love.
Constantly ignoring,
The pain consuming me,
But this time it's cut too deep,
I'll never stray again.
My only hope, (All the times I've tried)
My only peace, (To walk away from you)
My only joy,
My only strength, (I fall into your abounding grace)
My only power,
My only life, (And love is where I am)
My only love,
My only hope, (All the times I've tried)
My only peace, (To walk away from you)
My only joy,
My only strength, (I fall into your abounding grace)
My only power,
My only life, (And love is where I am)
My only love.
Sonata Arctica

I was nowhere near ready when all it ended
After Forever

Energize me with a simple touch
UnSun

I'll give you all I've got to give.
sábado, 2 de maio de 2009
SÓ MAIS UM POUQUINHO

Essa foto acima não é minha. Peguei nesse endereço:
www.myspace.com/joeyjordisonfansitemaggot
Todos os créditos para esse fansite. Muito bom por sinal!

sexta-feira, 1 de maio de 2009
SEM - timentos

Nesse momento tenho duas paixões explícitas, poesia e heavy metal. E são paixões abrangentes porque englobam tudo o que se relaciona direta ou indiretamente a elas.
Posso então dizer tranqüila e seguramente, sem culpas ou complexos mesquinhos, que estou apaixonada pelo baterista do Slipknot – Joey Jordison fenômeno - ou ainda que tenho uma queda - livre – pela Cora Coralina. Por que não? Qual o mal? São também eles sujeitos da minha paixão. E são sim sujeitos, não objetos, pois que são provocadores da minha ausência de razão, minha irracionalidade privilegiada, invejada por todos aqueles que almejam chegarem a ser como eu, uma eterna apaixonada.
Amanhã eu não sei. Meu humor é inconstante e insano. Bem como minhas paixões avassaladoras. E também os sujeitos não devem permanecer os mesmos, precisam ser substituídos. Mudanças são necessárias, fazem parte do crescimento.
Só posso garantir por hoje o que estou sentindo e vivendo. E não é sempre assim?
“Para se morrer, basta se estar vivo”. E a cada nova paixão nova trilha se abre a minha frente... E eu me reinvento mais um pouquinho absorvendo um bocado de meus sujeitos...
Que assim seja.
Slipknot *Snuff*



William Shakespeare Soneto 96
Nada há que impeça. Amor não é amor
Se quando encontra obstáculos se altera
Ou se vacila ao mínimo temor.
Amor é um marco eterno, dominante,
Que encara a tempestade com bravura;
È astro que norteia a vela errante
Cujo valor se ignora, lá na altura.
Amor não teme o tempo, muito embora
Seu alfanje não poupe a mocidade;
Amor não se transforma de hora em hora,
Antes se afirma, para a eternidade.
Se isto é falso, e que é falso alguém provou,
Eu não sou poeta, e ninguém nunca amou.
William Shakespeare Soneto 92
Enquanto eu viva tu és sempre meu,
Não há mais vida se tu não ficares,
Pois ela vive desse amor que é teu.
Por que hei de temer grande traição
Se tem fim minha vida com a menor;
De vida abençoado eu sou, então,
Por não estar preso ao teu cruel humor.
Tua mente inconstante não me afeta,
Minha vida é ligada à tua sorte;
Como é feliz o fato que decreta
Que sou feliz no amor, feliz na morte!
Porém que graça escapa de temer?
Podes ser falso e eu sequer saber.
William Shakespeare * Soneto 35 *

Erram todos, eu mesmo errei já tanto,
Os sentidos traíram-te, e meu senso
Na batalha do ódio com o amor:
Shakespeare
Ela por Ela Mesma
Minha Biografia
Rachel de Queiróz
Eis aí um punhado de crônicas – gênero literário que quase se poderia dizer que é peculiar à literatura brasileira. Pelo menos, é voz geral que a crônica, tal como a fazemos aqui, é realmente coisa nossa.
Sou uma contumaz usuária do gênero, só na “Última página” da revista O Cruzeiro fiz crônicas durante trinta nãos cravados: do início de 1945 até quando a revista fechou, em 1975.
Será talvez a crônica o gênero literário mais confessional do mundo. Pois o cronista, quase invariavelmente, tira o tema dos comentários que faz do seu próprio cotidiano, ou do assunto do dia no país, na cidade, no seu bairro. Até da sua casa, da sua estante de livros. Quando vêm me importunar com a exigência (que eu detesto) de escrever minhas memórias, a resposta que dou é sempre a mesma: a quem quiser me saber minha biografia, leia as minhas crônicas. Pela data e o local de cada uma, já há uma informação. E tudo que comento, que canto e que exploro, foi tirado de meu dia-a-dia: o menino que me trouxe uma flor, o espetáculo de teatro a que assisti, as memórias de infância, as lembranças e apelos do Ceará, sempre me cantando no sangue. E os fatos políticos, já que sou essencialmente um animal político, sempre me interesso apaixonadamente por tudo que acontece nessa área, seja na minha província, no meu município, no país ou no resto do mundo.
Também os sentimentos, as angústias e esperanças, alvoroços de coração, saudades, perdas, promessas, e alegrias, tudo isso aparece na crônica, aberta ou disfarçadamente – compete ao leitor inteligente desvendar nas entrelinhas. Ou constatar na frase aberta.
Nos romances, claro que a gente se desvenda também. Mas há sempre a figura do personagem a mascarar a face do autor e, se na criação romanesca você também pode contar tudo, ou quase tudo, a variedade dos personagens estabelece a necessária confusão, e quase nunca o leitor vai saber se você se retratou na rapariga insolente e predadora, na velha amargurada de más lembranças ou, até mesmo, no personagem masculino que, apesar disso, tem tanto de sua alma. Afinal de contas, alma não tem sexo, dizem os que entendem dessas coisas do outro mundo.
Leiam pois este punhado de crônicas e vão desculpando. O leitor é que assume, realmente, o nosso juízo final.
Amor

Outro dia liguei o rádio e ouvi que faziam um concurso entre os ouvintes procurando uma definição para amor. As repostas eram muito ruins, até dava para se pensar que nem ouvintes nem locutores entendiam nada de amor realmente; o lugar-comum é mesmo o refúgio universal, que livra de pensar e dá, a quem o usa, a impressão de que mergulha a colher na gamela da sabedoria coletiva e comunga das verdades eternas. O que, aliás, pode ser verdade.
Mas a idéia de definição me ficou na cabeça e resolvi perguntar por minha conta. Tive muitas respostas. A impressão geral que me ficou do inquérito é que de amor entendem mais os velhos do que os moços, ao contrário do que seria de imaginar. E que menos os profissionais que os amadores – digo os amadores da arte de viver, propriamente, e os profissionais do ensino da vida.
Vamos ver:
Dona Alda, que já fez bodas de ouro, diz que o amor é principalmente paciência. Indaguei: e tolerância? Ela disse que tolerância é apenas paciência com um pouco de antipatia. E diz que amor é também companhia e amizade. E saudade? Não, saudade não: saudade se tem de pessoas, das alegrias, das coisas, da mocidade, da infância dos filhos. Mas do amor? Não. Afinal, o amor não vai embora. Apenas envelhece, como a gente.
A jovem recém-casada me diz que o amor é principalmente materialismo. Todos os sonhos das meninas estão errados. Aquelas coisas que se lêem nos livros da Coleção das Moças, aqueles devaneios e idealismos e renúncias e purezas, está tudo errado. Quando a gente casa é que a gente vê que amor não passa de materialismo.
Terezinha de Jesus, às vésperas de botar no mundo o seu filho de mãe solteira, responde: “Amor? É iludimento. No começo é dançar, tomar Coca-Cola com pinga, ganhar corte de pano e caixa de pó-de-arroz. Depois é a barriga e todo mundo apontando, e o camarada sumido”.
Semana que vem vai pra maternidade. Quem quiser lhe falar de amor venha, que ela tem uma resposta. Mas impublicável.
Um senhor quarentão, bem casado, pai de filhos: “Amor como se entende em geral, é coisa da juventude. Depois de uma certa idade, amor é mais costume. É verdade que tem a paixão com seus perigos. Mas você falou em amor e não em paixão, não foi?”
- E de paixão, que me diz? – Aí ele se fecha em copas. “Deixo isso para os jovens. Velhote apaixonado é fogo. E eu não passo de um pai de família.”
A mãe da família desse senhor: “Amor? Bem, tem amor de noiva, que é quase só castelos e tolice. Tem o de jovem casada, que é também muita tolice – mas sem castelos. Complicado, com ciúme, etc., mas já inclui algum elemento mais sério. E tem o amor do casamento, que é a realidade da vida puxada a dois. Agora, o amor de mãe... Você perguntou também o amor de mãe?”
Respondi energicamente que não; amor de mãe, não. Quero saber só de amor homem com mulher, amor propriamente dito.
Diz o solteiro, quase solteirão, que se imagina irresistível e incasável: “Amor é perigo. Só é bom com mulher sem compromisso. Com moça donzela dá em noivado, com mulher casada dá em tragédia. O melhor é amor forte e curto, que embriaga enquanto dura e não tem tempo para se complicar. Aquela história de marinheiro com um amor em cada porto tem o seu brilho, tem o seu brilho”.
O pastor protestante diz que o amor é sublimar a atração entre dois seres, é atingir a mais alta e pura das emoções. Não confundir amor com sexo! E perguntado – sendo assim, por que casam os pastores? Ele responde citando São Paulo: “Porque é melhor casar do que arder”.
Já o padre católico não elimina o sexo do amor. Explica que, pelo contrário, o sexo, no amor, é tão importante como os seus demais componentes – o altruísmo, a fidelidade, a capacidade de sacrifício, a ausência do egoísmo. E é tão importante que, para santificar o amor sexual – o amor conjugal – a Igreja o põe sob a guarda de um sacramento, o santo matrimônio. E ante a pergunta: se é tudo assim tão santo, por que os padres não casam? O padre velho não se importa com a impertinência, sorri: “Nós nos demos a um amor mais alto. Casamento, para nós, seria pior que bigamia...”
E por último tem a matrona sossegada que explica: “Amor? Amor é uma coisa que dói dentro do peito. Dói devagarinho, quentinho, confortável. É a mão que vem da cama vizinha, de noite, e segura a sua adormecida. E você prefere ficar com o braço gelado e dormente a puxar a sua mão e cortar aquele contato. Tão precioso ele é. Amor é ter medo – medo de quase tudo – da morte, da doença, do desencontro, da fadiga, do costume, das novidades. Amor pode ser uma rosa e pode ser um bife, um beijo, uma colher de xarope. Mas o que o amor é, principalmente, são duas pessoas neste mundo”.
Rachel de Queiróz {19-5-1962}
domingo, 26 de abril de 2009
Escritores Amigos
Estranho
A porta gritou jogando duas moedas sujas no balcão: – Me dá dois cigarros no varejo! Um cigarro na orelha, o outro na boca: – Tem fogo? Três puxadas e a ponta já está em brasa. A brasa fica mais forte, mais brilhante – a primeira tragada. A fumaça sai devagar pelas narinas e por entre os dentes. O indicador e o polegar apertam o filtro, tirando o cigarro da boca, o médio bate a cinza – todos eles amarelados nas extremidades, assim como as unhas, essas até a metade. Mãos um tanto quanto nojentas – as palmas suadas e encardidas, uma sujeira preta por debaixo das unhas. Uma ajeitada no boné, que tinha manchas de suor que mais pareciam desenhadas com alguma tinta gosmenta encontrada ao acaso num depósito de lixo. Os dentes, amarelados também da nicotina, após mais uma forte tragada, soltaram uma baforada espessa na cara do balcão, que nela pôde ler com muita dificuldade – uma letra muito miúda e mal escrita – um “obrigado” tão amarelado quanto o recipiente de onde veio. O “obrigado” se desvaneceu com o bater da porta ensebada: – Estranho, não?! Não deve ser dessas bandas... Realmente não é. Nunca foi visto pela vizinhança, quanto menos aqui. A porta torna a gritar, na mesma altura, no mesmo tom e com o mesmo bafo, que o balcão logo reconheceu: – Me dá um copo de cachaça! Até o risco! O copo, já pela metade, se dirigiu ao banheiro. Após uns minutos ouviu-se um barulho. A cadeira, que estava mais próxima, levantou-se, toda torta, e entrou no banheiro – as cadeiras costumam ser muito curiosas. Lá dentro podia-se ver que após derramar-se um pouco no vaso brancamarelamarronzado, o copo caiu, bateu a cabeça na pia e se quebrou deixando no chão uma poça de cachaça, que agora já era avermelhada.
sábado, 18 de abril de 2009
"...da calma fez-se o vento ..."

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Vinícius de Moraes
Eternamente, Amor...

Eu te peço perdão por te amar de repente
Vinicius de Moraes
Texto extraído da antologia "Vinicius de Moraes - Poesia completa e prosa", Editora Nova Aguilar - Rio de Janeiro, 1998, pág. 259.
Os Três Mal-Amados

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.
O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.
O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.
O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.
Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.
O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.
O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.
O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.
O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.
O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.
O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.
João Cabral de Melo Neto
As falas do personagem Joaquim foram extraídas da poesia "Os Três Mal-Amados", constante do livro "João Cabral de Melo Neto - Obras Completas", Editora Nova Aguilar S.A. - Rio de Janeiro, 1994, pág.59.
sexta-feira, 17 de abril de 2009
Canção

Nunca eu tivera querido
dizer palavra tão louca:
bateu-me o vento na boca,
e depois no teu ouvido.
Levou somente a palavra ,
Deixou ficar o sentido.
O sentido está guardado
no rosto com que te miro,
neste perdido suspiro
que te segue alucinado,
no meu sorriso suspenso
como um beijo malogrado.
Nunca ninguém viu ninguém
que o amor pusesse tão triste.
Essa tristeza não viste,
e eu sei que ela se vê bem...
Só se aquele mesmo vento...
fechou teus olhos também...
(Cecília Meireles)
UMA REVOLTA
Clarice Lispector
Doçura
Clarice Lispector
"...há que compenetrar-se da verdade..."
Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso - para viver um grande amor.
Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... - não tem nenhum valor.Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro - seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada - para viver um grande amor.
Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.
Para viver um grande amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fieldade - para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.
Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô - para viver um grande amor.
Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito - peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.
É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista - muito mais, muito mais que na modista! - para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...
Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs - comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica, e gostosa, farofinha, para o seu grande amor?
Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto - pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente - e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia - para viver um grande amor.
É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que - que não quer nada com o amor.
Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva escura e desvairada não se souber achar a bem-amada - para viver um grande amor.
Ah, quem me dera...
Ah, quem me dera ir-me
Vinícius de Moraes - Montevidéu, 01.11.1958
..."E não havia mais vida na minha frente."
Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
(da noitePorque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa
Razões

e de querer-te a não te querer eu quero
e de esperar-te quando não te espero
passa o meu coração de frio ao fogo.
Te quero só porque a ti eu te quero,
do ódio sem fim, e a odiando-te rogo,
e a medida de meu amor viajante
é não ver-te e amar-te como um cego.
Talvez consumirá a luz de janeiro,
seu raio cruel, meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego.
Nesta historia tão só eu me faleço
e morro de amor porque te quero,
porque te quero, amor, o sangue e fogo.
Pablo Neruda
Eu II
Até agora eu não me conhecia,
Julgava que era eu e eu não era
Aquela que em meus versos descrevera
Tão clara como a fonte e como o dia.
Mas que eu não era eu não o sabia
E, mesmo que o soubesse, o não dissera...
Olhos fitos em rútila quimera
Andava atrás de mim... E não me via!
Andava a procurar-me - pobre louca! -
E achei o meu olhar no teu olhar,
E a minha boca sobre a tua boca!
E esta ânsia de viver, que nada acalma,
É a chama da tua alma a esbrasear
As apagadas cinzas da minha alma!
Florbela Espanca
Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...
Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...
Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber por quê...
Sou talvez a visão que alguém sonhou.
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!
Florbela Espanca
A Mensageira das Violetas
Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar!Amar! E não amar ninguém!
Durante a vida inteira é porque mente!
É preciso cantá-la assim florida,
Que me saiba perder... pra me encontrar...
O que é a Morte senão a Vida?

Cantem outros a clara cor virente
Do bosque em flor e a luz do dia eterno...
Envoltos nos clarões fulvos do oriente,
Cantem a primavera: eu canto o inverno.
Para muitos o imoto céu clemente
É um manto de carinho suave e terno:
Cantam a vida, e nenhum deles sente
Que decantando vai o próprio inferno.
Cantam esta mansão, onde entre prantos
Cada um espera o sepulcral punhado
De úmido pó que há de abafar-lhe os cantos...
Cada um de nós é a bússola sem norte.
Sempre o presente pior do que o passado.
Cantem outros a vida: eu canto a morte.
Alphonsus de Guimaraes
"Minha vida é um montão de ruínas em árido deserto, Um abismo de ais e de suspiros".

Co’a lira toda espedaçada,
A alma de suspiros retalhada,
Cumpre o infeliz seu triste fado.
Ai! que viver mais desgraçado!...
Que sorte tão crua e desazada!...
Quem assim tem a vida amargurada
Antes já morrer, ser sepultado.
Só eu triste padeço feras dores,
Imensas e de fel, sem terem fim,
Envolto no véu dos dissabores.
Oh! Cristo eu não sei se só a mim
Deste essa vida d’amargores,
Pois que é demais sofrer-se assim!
Cruz e Sousa
O que é o Amor?

é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Caminhos

I
Sinto um vago receio prematuro.
Vou a medo na aresta do futuro,
Embebido em saudades do presente...
Saudades desta dor que em vão procuro
Do peito afugentar bem rudemente,
Devendo, ao desmaiar sobre o poente,
Cobrir-me o coração dum véu escuro!...
Porque a dor, esta falta d'harmonia,
Toda a luz desgrenhada que alumia
As almas doidamente, o céu d'agora,
Sem ela o coração é quase nada:
Um sol onde expirasse a madrugada,
Porque é só madrugada quando chora.
Fútil?
Falas de amor, e eu ouço tudo e calo!
O amor da Humanidade é uma mentira.
É. E é por isto que na minha lira
De amores fúteis poucas vezes falo.
O amor! Quando virei por fim a amá-lo?!
Quando, se o amor que a Humanidade inspira
É o amor do sibarita e da hetaira,
De Messalina e de Sardanapalo?!
Pois é mister que, para o amor sagrado,
O mundo fique imaterializado
— Alavanca desviada do seu fulcro —
E haja só amizade verdadeira
Duma caveira para outra caveira,
Do meu sepulcro para o teu sepulcro?!
Augusto dos Anjos
Mórbido?

Como um fantasma que se refugia
Na solidão da natureza morta,
Por trás dos ermos túmulos, um dia,
Eu fui refugiar-me à tua porta!
Fazia frio e o frio que fazia
Não era esse que a carne nos conforta...
Cortava assim como em carniçaria
O aço das facas incisivas corta!
Mas tu não vieste ver minha Desgraça!
E eu saí, como quem tudo repele,
— Velho caixão a carregar destroços —
Levando apenas na tumbal carcaça
O pergaminho singular da pele
E o chocalho fatídico dos ossos!
quarta-feira, 15 de abril de 2009
How Do I Love Thee
I love thee to the depth and breadth and height
My soul can reach, when feeling out of sight
For the ends of Being and ideal Grace.
I love thee to the level of everyday's
Most quiet need, by sun and candle-light.
I love thee freely, as men strive for Right;
I love thee purely, as they turn from Praise.
I love thee with a passion put to use
In my old griefs, and with my childhood's faith.
I love thee with a love I seemed to lose
With my lost saints, --- I love thee with the breath,
Smiles, tears, of all my life! ---
and, if God choose,I shall but love thee better after death.
Como te amo?
Como te amo? Deixa-me contar de quantas maneiras.
Amo-te até ao mais fundo, ao mais amplo
e ao mais alto que a minha alma pode alcançar
buscando, para além do visível dos limites
do Ser e da Graça ideal.
Amo-te até às mais ínfimas necessidades de todos
os dias à luz do sol e à luz das velas.
Amo-te com liberdade, enquanto os homens lutam
pela Justiça;
Amo-te com pureza, enquanto se afastam da lisonja.
Amo-te com a paixão das minhas velhas mágoas
e com a fé da minha infância.
Amo-te com um amor que me parecia perdido - quando
perdi os meus santos - amo-te com o fôlego, os
sorrisos, as lágrimas de toda a minha vida!
E, se Deus quiser, amar-te-ei melhor depois da morte.
Elizabeth Barrett Browning

Porque Amar é uma Arte
Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus — ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.
Manuel Bandeira
Morte, Contrário da Vida

Porque Amor É Isso!
Eu te amo porque te amo.
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor
Carlos Drummond de Andrade
Metade - Oswaldo Montenegro

Que a morte de tudo em que acredito
Que a música que ouço ao longe
Que as palavras que falo
Que essa minha vontade de ir embora
Que o medo da solidão se afaste
Que não seja preciso mais que uma simples alegria
Que a arte nos aponte uma resposta
E que a minha loucura seja perdoada